A partir de iniciativa da Juíza Wilka Vilela, TJPE introduz Constelação Familiar

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Criada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger na década de 1970 e introduzida no Brasil em 1999 pelo seu idealizador, a Constelação Familiar Sistêmica vem sendo empregada pelo Poder Judiciário como instrumento para auxiliar no combate os conflitos, resgatando vínculos familiares. A partir da iniciativa da Juíza Wilka Vilela Domingues, titular da 5ª Vara de Família e Registro Civil da Capital de Pernambuco, a metodologia foi utilizada pela primeira vez no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A Magistrada é Conselheira Suplente do Conselho Fiscal da ANAMAGES.
Por meio da Coordenadoria da Central de Conciliação, Mediação e Arbitragem, a Juíza recorreu ao método no último dia 7/11, em 30 processos de alto litígio, convidando os casais das ações para a palestra e vivência da técnica, considerada como uma terapia familiar. A ação ocorreu no auditório do 5º andar do Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano. A expectativa é que os casais, após esta prática, entrem em conciliação nos processos, que estão inscritos na 11ª Semana Nacional de Conciliação, promovida de 21 a 25 de novembro, em todo o país.
Por meio de uma dinâmica de grupo, os participantes representaram parentes de pessoas do grupo e revelavam o que sentiam a partir do momento em que seus conflitos e emoções eram revelados e debatidos com o interlocutor.
Em uma entrevista à ANAMAGES, a Magistrada Wilka Vilela Domingues explicou como surgiu a ideia de aplicar a metodologia no estado, falou das impressões da primeira aplicação, abordou as vantagens da metodologia no contexto do Judiciário, considerou a possibilidade da diminuição de processos de uma mesma família nas Varas de Família e Registro Civil através da técnica e ainda mencionou as etapas de implementação do projeto. Confira:
ANAMAGES- Dra. Wilka, como surgiu o interesse em implementar a metodologia da Constelação Familiar Sistêmica em Pernambuco?
Dra. Wilka- Há um ano atrás ao participar de um encontro onde me foi apresentado o método da Constelação Sistêmica Familiar através de uma palestra e vivência, fiquei deslumbrada com os resultados obtidos. Logo em seguida, resolvi fazer o curso de formação e visualizei a possibilidade alternativa de aplicação do método de Bert Hellinger, como forma de solucionar os conflitos familiares ou melhorar as relações e não apenas o processo. Deste modo, tivemos o deferimento pelo Tribunal, através da Coordenadoria de Conciliação, Mediação e Arbitragem do Poder Judiciário pernambucano para apresentar o nosso projeto “Um novo olhar” para aplicação do método, juntamente com mais três colegas, Élio Braz, Laura Simões e Ana Cecília Toscana.
ANAMAGES-A prática foi empregada pela primeira vez no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) na última segunda-feira (7/11). Quais foram as primeiras impressões?
Dra. Wilka – Sim. Apresentamos a palestra e a vivência para as partes, de trinta processos que se encontram em curso, de alta litigiosidade, onde já tínhamos utilizado audiências de conciliação, terapia familiar, depoimento acolhedor, sem, contudo, conseguir a reconciliação das partes, principalmente, nas ações de divórcio, guarda, regulamentação de visitas, e de alienação parental, entre outros. Então, após, a vivencia com a aplicação do método, esperamos que na semana nacional da conciliação do CNJ que ocorrerá entre os dias 21 a 25 de novembro de 2016 as partes que participaram componham um novo acordo que venha a beneficiá-los, e, principalmente, para o bem dos seus filhos.
ANAMAGES- Quais são as vantagens da aplicação da Constelação Familiar para o jurisdicionado, para o Judiciário e para a sociedade de Pernambuco?
Dra. Wilka – Quando uma pessoa ingressa com uma ação na Justiça, ela quer a resolução daquele litígio de forma rápida, já que sozinha não conseguiu o seu intento. A constelação familiar sistêmica é uma ferramenta muito útil porque vai atuar dentro do sistema familiar, dentro do sistema organizacional e reorganizar a vida das pessoas através da aplicação do método indo na causa do problema apresentado. Será muito importante para o jurisdicionado quando ele se aperceber que por trás daquela contenta existe muito mais do que aquele litigio, compreender porque aquilo aconteceu, para restabelecer a ordem que foi violada dentro do ceio familiar, pacificando os relacionamentos das pessoas, nas famílias. O judiciário como um todo está passando por um momento de crise, temos a morosidade, temos o acesso à justiça em nível elevado, por força da consciência do povo, em detrimento da quantidade de juízes, onde os juízes não conseguem entregar a tutela jurisdicional efetiva, por força também de falta de pessoal. Logo, como estamos com a nova visão de conciliar, mediar nos moldes da Resolução de nº 125/2010 e, também com a nova sistemática do CPC, prevista no art. 3º § 3º, e art. 165, a constelação familiar sistêmica será uma ferramenta muito eficaz, servirá como um instrumento de alta eficácia para resolução de conflitos para todos, por ter um resultado rápido.
ANAMAGES- Atualmente existe uma multiplicação de processos de uma mesma família nas Varas de Família e Registro Civil. A senhora acredita que a metodologia poderá reverter esse quadro?
Dra. Wilka – Sim, os processos nas varas de famílias se multiplicam, de um pode chegar a dez. Não tenho dúvidas de que a aplicação da prática da técnica sensibilizará as pessoas que chegam no judiciário em “pé de guerra”, poderão reconhecer, com as dinâmicas, a origem que motivou os desentendimentos entre o casal, por exemplo, por trás da disputa do filho do casal, existem outras questões de fundo que não são vistas, e, com o método, as partes se sentem tocadas, resolvem com um novo olhar a reconciliação daquela família, de modo que após a pratica haverá composições que antes era impossível. Logicamente, ocorrerá uma diminuição de feitos ajuizados da mesma parte, simplesmente porque será resolvido o problema familiar e, não somente, a extinção do processo.
ANAMAGES- Já estão definidas quais serão as etapas de sua aplicação? A metodologia poderá ser estendida a outras varas e comarcas?
Dra. Wilka – Estamos montando o projeto que se encontra em fase de conclusão. Inicialmente, será implantado na Central de conciliação, mediação e arbitragem do TJPE, abarcando as varas de famílias, infância e juventude e criminal, porém, poderá ser utilizado em outras varas, bem como futuramente em outras Comarcas.
ANAMAGES-Existe algum projeto futuro relacionado à metodologia em Pernambuco?
Dra. Wilka – Como já mencionado, o projeto foi iniciado e está em curso para conclusão e aprovação pelo Tribunal.
Colaborou: TJPE
Fonte: Associação Nacional dos Magistrados Estaduais – ANAMAGES  – 17/11/2016
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17 de novembro de 2016 |

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